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Cada Homem É Uma Raça, Mia Couto

26 março 2013

1ªs páginas
Inquirido sobre a sua raça, respondeu:
A minha raça sou eu, João Passarinheiro.
Convidado a explicar-se, acrescentou:
Minha raça sou eu mesmo. A pessoa é uma humanidade individual. Cada homem é uma raça, senhor polícia.
Ouvi pela primeira vez o nome de Mia Couto há uns bons anitos, quando ainda estudava no liceu, nos bons velhos tempos das Provas Globais. Lembro-me que numa dessas provas foi incluído um excerto de uma obra deste autor que, na altura, eu desconhecia e até pensava que seria uma mulher.
Alguns anos mais tarde, uma amiga ofereceu-me um livro de Mia Couto, "O Último Voo do Flamingo", e foi com essa obra que me apaixonei pela escrita deste autor moçambicano. Desde então, fui comprando quase todas as suas obras e lendo algumas, enquanto outras esperam pacientemente na estante pela sua vez.
Já há algum tempo que estava com vontade de revisitar a escrita mágica de Mia Couto e, desta vez, decidi-me por esta compilação de 11 contos escritos com a mestria e magia típicas deste autor, que "brinca" com as palavras, conferindo musicalidade ao texto. É essa musicalidade que nos envolve, encanta e transporta para terras distantes. Mia Couto é dos poucos autores lusófonos que me faz parar e reler determinadas frases, apenas pela sua beleza.
Cada conto é um retrato bem humorado de uma realidade geograficamente distante, mas que sentimos muito próxima precisamente pela forma como o autor a descreve. Mia Couto concilia muito bem a beleza da escrita e da nossa língua com as suas personagens e as suas histórias.
Mais uma vez Mia Couto não desiludiu e, apesar de eu preferir os seus romances, foi com muito prazer que li estas 11 pequenas histórias.

"Só um mundo novo nós queremos: 
o que tenha tudo de novo e nada de mundo."

Cogito Ergo Sum, David Eagleman

15 junho 2010

Editora: Presença
Páginas: 108
Categoria: Contos

"Quarenta Histórias da Vida para Além da Morte
Estes contos ressumam humor e ironia na mesma medida da sua originalidade e desafiadora subtileza, criando em certa medida intrigantes novas perspectivas sobre o nosso presente."

Mais que 40 histórias sobre a vida para além da morte, é um livro que tanto nos conduz a um sorriso, como a um torcer do nariz, como a uma gargalhada...

Fui lendo uma história de vez em quando, como gosto de ir lendo e digerindo os livros de contos... em doses ligeiras, dando a cada conto o seu tempo para assimilação e reflexão. E, no meio da mestria e incrível imaginação do autor, notei que havia sempre um convite à reflexão a par de um aligeiramento, com recurso a uma ironia subtil, do que poderá estar do outro lado.

Afinal, a vida é para ser vivida e do outro lado há uma infinidade de possibilidades. O autor apresenta-nos 40 dessas possibilidades, algumas que podem parecer ridículas, mas que a mim me deixaram a mente plenamente aberta com um "Porque não?". As possibilidades são infinitas, a vida não, há que aproveitá-la...

Um livro inteligente, irónico e, atrevo-me a dizer, até divertido, sobre um tema que poderia ser pesado, mas que é transformado numa obra que marca pela sua singularidade e frescura.

Um Piano em Sesimbra - Henrik Nilsson

18 fevereiro 2010

Editora: Editorial Presença
Páginas: 128
Categoria: Contos

"Esta obra reúne uma série de contos da autoria de um jovem escritor sueco que têm como cenário privilegiado a cidade de Lisboa. São histórias profundamente enraizadas no quotidiano português e lisboeta, que extravasam, no entanto, estas fronteiras, pela universalidade e dimensão humana dos seus temas, habilmente entretecidos com situações do dia-a-dia. Um traço comum aproxima as várias personagens, um certo sentimento melancólico de perda que leva à busca constante de um sentido, de um significado, do que está oculto em cada uma destas vidas. O estilo é livre e elegante, o olhar, atento, a prosa, rítmica, cristalina, capaz de extrair da banalidade dos dias momentos grandiosos, belos, misteriosos."

Nunca pensei demorar tanto a ler este pequeno livrinho, mas não se trata de um livro para devorar e sim para saborear a clareza, melancolia e profunda candura dos sete textos escritos por este autor nórdico.

Impressionou-me o olhar atento que o autor demonstra ter tido sobre a nossa maneira de estar e rotinas, sobre os cenários que descreve de forma tão clara e, aparentemente, singela.

Gosto de ler contos assim, com uma escrita fluida e inteligente, que se debruçam sobre temas profundos e abrangentes (amor, morte, solidão, melancolia) de uma forma que nos encanta e nos faz virar as páginas deleitados com o seu conteúdo, parando no fim de cada conto, em reflexão ou assimilação do que lemos.

Foi uma excelente apresentação a este autor. Para quem gosta de contos, é sem dúvida um livro muito recomendável.

Entre os Assassinatos - Aravind Adiga

02 fevereiro 2010

Editora: Presença
Páginas: 312
Categoria: Contos, Romance

"Este é o novo romance do autor de O Tigre Branco, o aplaudido Booker Prize de 2008. A obra desenvolve-se como um guia de viagem a uma cidade imaginária, Kittur, situada na costa sudoeste da Índia, a meio caminho entre Goa e Calecute, durante o período de sete anos que decorreu entre os assassinatos de Indira Gandhi e do seu filho Rajiv. São catorze histórias que se sobrepõem formando um mapa vivo da cidade, decorrendo cada uma em diferentes zonas de Kittur. Aravind Adiga retoma muitos dos temas presentes em O Tigre Branco, mas recorre agora a múltiplos narradores diferentes. Uma obra que o conduz à descoberta fascinante da Índia actual."

Não li ainda o bem conhecido “O Tigre Branco” deste autor, mas as boas críticas a esse primeiro livro editado por cá fizeram-me iniciar a leitura desta nova obra com alguma expectativa.

Este livro é composto por 14 histórias que decorrem numa cidade imaginária, Kittur, na costa sudoeste da Índia. O título deve-se ao facto das histórias se situarem temporalmente nos 7 anos entre o assassinato de Indira Gandhi, em 1984, e do seu filho, Rajiv Gandhi, em 1991.

Somos então levados a visitar e a visualizar a cidade através das introduções a cada história, que tal como num guia de viagens, nos conduzem pelas ruas desta cidade imaginária que parece tão real e cheia de vida, onde pululam personagens que, à partida, poderiam passar despercebidas, mas nas quais se foca o olhar atento do autor e, por consequência, o nosso.

Através de diversas personagens que representam a dicotomia e diversidade do mosaico indiano de tradições, religiões, castas, culturas e posições socio-económicas, o autor leva-nos além do que é aparente e superficial, para a base de uma sociedade onde se cruzam e entrelaçam conceitos tão diversos como idealismo, esperança, tragédia, decadência, fundamentalismo, injustiça e vícios.

Escritas com extrema habilidade, estas histórias tão diferentes, ligadas pelo enquadramento temporal e pela geografia imaginária, apresentam-nos personagens de uma Índia de há mais de 20 anos descritas com tanto realismo e, por vezes, alguma crueza, que fiquei a pensar quantas não estarão ainda presentes em qualquer cidade indiana.

Aravind Adiga pinta-nos habilmente, e com alguma ironia e mordacidade, um mosaico de uma época fulcral da história da Índia. Um livro que vale a pena ler devagarinho para apreciar devidamente a escrita do autor e a sua visão sobre a Índia, as suas gentes e a sua diversidade.

A Gaivota Que Tinha Medo do Mar - Eugénia Ponte

25 outubro 2009

Páginas: 68
Categoria: Infanto-Juvenil, Contos

"Esopo na antiga Grécia e La Fontaine no século XVII, entre outros, partindo de histórias de animais, por eles inventadas, construiram as FÁBULAS que ainda hoje fazem parte do grande património da literatura universal.
Maria Eugénia Ponte, partindo de realidades da vida animal, constroi histórias apaixonantes que nos fazem reflectir nos mais diversos problemas da vida.
E como se isso não bastasse conclui cada história com um "pensamento" que é um autêntico guia para uma vida feliz.
Padre José Eduardo Martins (pároco de Alenquer)"

Este é um livrinho especial, não só por ter sido escrito por uma
amiga do mundo virtual, mas também por ser dedicado a outra amiga que nos deixou cedo demais, mas que marcou as nossas vidas e deixou uma grande lição de altruísmo e humanismo... Um exemplo de mulher e lutadora, a nossa querida Snowshoee do Bookcrossing, a Tânia. Leiam a carta que ela deixou antes de partir, vale a pena, é uma lição de vida...

Infelizmente, não pude comparecer na apresentação deste livro, mas a querida Eugénia fez-mo chegar logo de seguida com uma dedicatória personalizada e cheia de carinho. O livro ficou logo na minha secretária e encantou-me à chegada pela capa, de cores vivas, uma imagem expressiva e encantadora.

Aos poucos, ia aproveitando abertas no trabalho e ia lendo as pequenas histórias destes animais tão especiais e também eles cheios de lições tão simples, que às vezes nos passam ao lado. E precisamente para não passarem ao lado, no final de cada conto, surge a moral da história, explicadinha. Esta explicação, a mim, pareceu-me supérflua, de tão clara que é a escrita, mas compreendo a opção editorial de as incluir, tendo em conta o público maioritário.

Gostei particularmente do pormenor de antes de cada conto, surgir uma descrição das particularidades do animal sobre o qual a história se debruça e posso até dizer que aprendi algumas coisas muito interessantes. Os meus contos preferidos foram a "Rainha das Jóias" (a história de uma ostra arrogante) e "Ambrósio, meu ouricinho, beija-me de mansinho..." (a história de uma família de ouriços alvo de preconceitos).

Um livrinho com um público alvo específico, mas que pode (e deve) ser lido por adultos e crianças. É um tesourinho de pequenas histórias e belas ilustrações. Muito bem escrito, claro na mensagem e com importantes lições de vida.
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