Páginas: 304
Categoria: Romance
"Roseanne McNulty tem perto de cem anos e é a doente mais antiga do hospital de saúde mental de Roscommon. O doutor Grene, o psiquiatra encarregado da avaliação dos pacientes, sente-se intrigado pela história daquela mulher, que passou os últimos sessenta anos da sua vida em instituições psiquiátricas. Enquanto o médico investiga, Roseanne faz uma retrospectiva das suas tragédias e paixões, que vai registando no seu diário secreto, desde a turbulenta infância até ao casamento que lhe prometia a felicidade. Quando o doutor Greene desvenda por fim as circunstâncias da sua chegada ao hospital, é conduzido até um segredo chocante.
Um livro primorosamente escrito, que narra uma história trágica, fruto da ignorância e mesquinhez, mas ainda assim fortemente marcada pelo amor, pela paixão e pela esperança."
Comprei este livro recentemente e não estava a contar pegar-lhe já, mas uma noite de insónia fora de casa e o facto de ser o livro mais próximo na altura, foram as circunstâncias perfeitas para mergulhar nas suas páginas.
Trata-se de uma história contada a duas vozes, ou, melhor, a duas mãos que vão anotando as suas reflexões e memórias (para o leitor, para Deus, para si mesmos?): Roseanne escreve sobre o seu passado, como que para deixar o seu legado, e o Dr. Grene escreve mais como terapia, talvez para lidar com as mudanças e decisões que se avizinham. E de permeio, vai surgindo a aproximação entre médico e a sua mais antiga paciente.
Não é, de todo, um livro ligeiro, antes pelo contrário. É uma história muito bem escrita que nos leva pelos caminhos tortuosos de uma época dura e impiedosa que marcaria para sempre a vida de Roseanne e que faria com que o novelo da sua história só muito tempo depois fosse desenrolado e os nós desenredados até ao desenlace final, que nos vai sendo revelado aos poucos, quase sem que nos apercebamos.
É uma história sofrida e dura, mas talvez por ser contada em jeito de reflexão, assume quase um estilo natural e inocente.
Concordo plenamente com o que é dito no Irish Times: "Belo e perturbador... A narrativa de Sebastian Barry tem um elemento poético: brilha com a luminosidade misteriosa de um conto de fadas deturpado."
Surpreendi-me com um livro em que peguei por acaso e foram umas excelentes horas de leitura, acompanhando estas duas personagens pelos caminhos mais ou menos tortuosos das suas mentes e da própria realidade.
Os fios da memória e da realidade vão-se cruzando de tal forma, que só no final conseguimos ver o quadro completo. E ao contrário do que esperava, fechei o livro com uma sensação de paz semelhante à que, imagino, as personagens terão sentido quando todas as peças se encaixaram...
2 comentários:
vi o hoje a 5 euros mas ñ me pareceu bom, tlx venha a ler :)
Eu tinha gostado da sinopse e como lhe peguei sem expectativas, talvez por isso me tenha deixado envolver pela história. Não é um livro nada leve, mas está muito bem escrito. Tão bem escrito que o guardei direitinho na estante para eventualmente (não sei quando) reler ;)
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