Crónica do Rei-Poeta Al-Mu'Tamid, Ana Cristina Silva

27 abril 2010

Editora: Presença
Categoria: Crónica, Romance
Páginas: 180

"Al-Mu’Tamid nasceu em Beja, em 1040. Nessa época, a poesia e a cultura floresciam nas cortes árabes, mas após a queda de Córdova, o Sul de Espanha fragmentara-se em inúmeras taifas que se digladiavam entre si ao sabor das aspirações de poder e de prestígio. Herdeiro de uma das mais poderosas dinastias então reinantes que governava Sevilha, Al-Mu’ Tamid era um homem de índole benévola, amante de tertúlias, e um dos mais notáveis poetas do al-Andaluz. Nesta crónica ficcionada, escrita já no exílio pelo Rei-Poeta, Ana Cristina Silva, para além dos acontecimentos trágicos que marcaram o seu reinado, leva-nos a imaginar como terá sido, intimamente, o homem que teve de encarnar a personagem que ficou para a história."

Este livro apanhou-me numa fase pessoal complicada e talvez daí derive a minha sensação de frustração. Mas não é frustração com o livro em si ou com a escrita, antes pelo contrário. A escrita é rica, o relato interessante e a figura histórica abordada muito intrigante. A minha frustração é não ter conseguido fazer a leitura concentrada e atenta que o livro merecia e que a história pedia.

Gostei logo do Prólogo, que dá voz a um escravo que, perante a morte do seu senhor, foge com os escritos dele para assegurar a sua leitura...

"(...) sempre que me era permitido, recuperava a leitura do manuscrito de Al-Mu’tamid. Ao amanhecer ou ao crepúsculo, alumiado pela alvorada ou pelos reflexos de uma fogueira, lia com todos os meus sentidos despertos. Quando prosseguia a leitura, o espírito de Al-Mu’tamid distinguia-se da sombra trágica das palavras e eu ia poisando os ouvidos nas nuvens para melhor receber a sua mensagem. O meu senhor foi um daqueles homens capazes de impor a cada coisa o seu preciso nome, por isso a beleza do texto ressoava como a única voz do deserto. Mal continha as lágrimas sempre que lia o que ele escreveu."
prólogo

Depois, seguem-se os escritos de Al-Mu'tamid que realmente vão revelando um pouco da sua alma, da sua mágoa e até alguma melancolia. É um relato das suas reflexões sobre aquela época, sobre os conflitos, mas também sobre o rumo da sua própria vida e as escolhas que fez.

Apesar da sensação de não ter desfrutado da leitura tanto quanto desejaria, este livro serviu para me despertar a curiosidade sobre esta figura histórica, mas também sobre a autora e as suas outras obras.

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