Apanhado pela Tempestade, Norman Ollestad

15 março 2010

Editora: Presença
Páginas: 272
Categoria: Memórias/Testemunhos

"Numa manhã de Fevereiro de 1979, contava Norman Ollestad apenas onze anos, o pequeno avião onde seguia com o pai, a namorada deste e o piloto a caminho de uma cerimónia de entrega de um prémio de esqui colidiu contra as montanhas San Bernardino no meio de um intenso nevoeiro. O seu pai e o piloto tiveram morte imediata, e Sandra, a namorada do pai, estava ferida, pelo que só dependia de Norman encontrar forma de serem socorridos. Norman desceu 2607 metros, sem equipamento nem auxílio, exposto à neve, ao gelo, ao vento e à neblina traiçoeira, guiado apenas pelas memórias da sua infância. Um relato emocionante de um sobrevivente que é também uma história sobre uma relação inspiradora e tensa entre pai e filho."

Numa fase de cansaço psicológico em que não me consigo concentrar na maior parte das leituras, o melhor elogio que posso fazer a este livro é que me prendeu, coisa que ultimamente tem sido rara.

Este é um relato verídico comovente, mas não lamechas, sendo acima de tudo uma história envolvente e muito bem transmitida para o papel. Sabemos desde o início que se trata de uma história trágica, mas, curiosamente (ou não), senti que este livro transmite uma mensagem de esperança e vários momentos ao longo do relato de Norman chegaram mesmo a despertar-me sorrisos.

É um relato sincero e aberto da relação singular e por vezes difícil entre pai e filho. O relato do acidente e do que se lhe segue é intercalado ao longo de grande parte do livro com capítulos sobre o passado, em que o autor nos relata vários episódios (e aventuras) vividos com o pai, mostrando-nos o que o foi moldando até àquele fatídico dia, em que teve mesmo de pôr em prática o que, relutantemente, aprendera, para garantir a própria sobrevivência.

Mesmo para quem, como eu, pouco percebe de esqui ou surf, é um livro que nos transporta para o meio da neve ou para a crista das ondas, conforme as aventuras radicais para onde o pai arrasta o filho, obrigando-o a ultrapassar medos, preguiças e hesitações. Além disso, o facto de conter fotos de Norman e do pai nalgumas das situações descritas, faz-nos mergulhar mais atentamente na história e senti-la mais real.

É uma bela e envolvente história de sobrevivência, aprendizagem, esperança e aceitação. Um relato que nos mostra como a vida e as pessoas que nos são mais próximas nos vão moldando, mesmo que não nos apercebamos disso. Fechei este livro com um sorriso nos lábios e uma lágrima ao canto do olho, com a nítida sensação de ter aprendido uma lição valiosa.

"(...) o meu pai condicionou-me para me sentir à vontade na tempestade.
Isto não quer dizer de modo algum que eu passe intempestivamente pela vida. Tropeço e arrasto-me através da vida como a maior parte de nós. Com os meus instrumentos grosseiros e capacidades imperfeitas, atravesso o caos com a esperança que encontrarei um pouco de beleza no meio dele."
pág. 265

2 comentários:

flicka disse...

adoreiiiii este livro! ainda não escrevi a minha opinião, mas não resisti de ler primeiro a tua e gostei muito! Também a frase da pág 265 tocou-me em cheio...
Um grande beijinho! :)*

Sofia disse...

Olá!
Não o tinha na lista de aquisições, mas depois deste teu comentário, não resisto! ;)

Beijinhos!

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